We’re so hopefully at the beginning of things that it seems like theres only a world to be gained not lost. They say the inability to accept loss is a form of insanity.
It’s probably true but sometimes it’s the only way to stay alive.
(Meredith Grey)
Sento-me nesta estação a observar a passagem do tempo.
Que tempo cruel este que passa a uma velocidade que não permite entrar nele. Muitas vezes, nem se dá pela passagem dele. Mas eu dou. Até me sento à espera da altura que sei que vai passar. Mas também sei que não vai parar para me deixar entrar. Ouço-o a chegar e logo torno cabizbaixo. Mas porquê? Porquê que é que tenho medo de o ver? Medo de me atrever sequer a imaginar? Será que me veêm dentro da passagem do tempo? Será que imaginam a razão do cabizbaixo? Será que a passagem levou um pouco do meu perfume? Será que o perfume pode ser algo que mude a perspetiva de quem vagueia nessa passagem?
Sento-me nesta estação à espera da paragem do tempo.
Espero porque sei, mas desespero por não saber o que virá depois. Chegou. Entrei, mas ainda espreitei à espera de inesperado. Cruzam-se olhares, mas nenhum me reconhece. Cruzam-se vozes, mas nenhuma chama por mim. Cruzam-se passos, mas nenhum pára diante de mim. Cabizbaixo. Fecham-se as portas. Sigo viagem rumo a um destino que a passagem do tempo tão bem conhece: casa. Abrem-se as portas. Conheço o ar que respiro, mas desço com a alma presa ainda à estação que me acolheu. Sei por onde vou, mas ainda olho para trás como se algo pudesse surgir e fazer inverter o rumo dos meus passos.
A vida não passa de partidas e chegadas. A questão é saber partir sem deixar rasto e não dar uma volta de 360graus.