sábado, 22 de dezembro de 2012

Choro por a vida nem sempre seguir o rumo das expectativas e pôr-me a viver navegando neste rio de flashbacks emotivos. E acordo assim, desamparado, a meio da noite, procurando uma estrela que está no meu céu mas cujo brilho ou desapareceu ou, então, já não se destaca nesta minha imensidão. A esta imensidão é aquilo que chamo de solidão: um Sol que nunca me darão.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

  

   

A memória é algo que pode ser considerado o bem mais precioso do Homem. É através dela que buscamos a nossa integridade, a nossa estabilidade, as respostas ou quase respostas aos inúmeros enigmas da nossa vida, a nossa enigmática vida.
Não há preço para ela. É a nossa identidade, um puzzle de fotografias e gravações de palavras, momentos, sensações... Nela buscamos o conforto de um tesouro perdido no tempo. Que ironia, um tesouro guardado no maior tesouro do Homem. É uma arca que, quando aberta, nos liberta. Mas também nos prende. Recorda, mas provoca saudosismo. Anseia, mas entristece. Guarda, mas corrói. Tanto é a nossa melhor amiga como também o pior pesadelo que podemos viver. Um pesadelo que nos leva ao campo da nostalgia, do querer e não poder, do voar sem ter asas, da alegria triste de um oásis num deserto.
A memória comanda a vida da gente. Sem ela, quem somos? Em que mundo vivemos? Quem nos rodeia? O que é a vida? É nela que criamos um sentido para a vida. E até pode ser aos olhos de muitos o sentido errado, mas quando a memória se alia ao coração, o errado é o certo.


P.s.: Eu ainda te vou levar à América... Como prometi.


domingo, 7 de outubro de 2012








Antes de adormecer crio uma expectativa de que, talvez, quando acordar, verei uma mensagem tua a dizer que estarás de volta. E imagino. Divago. Recrio. Não me canso. Todos os dias. Todos os dias olho para o muro da paragem em frente a minha casa para ver-te lá, sentada, aguardando a minha saída. Mas não estás. Baixo, então, a cabeça rumo a mais um dia banal. E recordo os planos perdidos, as promessas quebradas, a vida esquecida. Onde estarás? Encontra-me. Sabes o caminho. Entrei no comboio. Logo, quando regressar, espero encontrar-te ali sorrindo como só tu sorrias. Caso não te encontre, sei que, antes de adormecer, te imaginarei novamente. E sonharei novamente. E sentirei novamente, como sentia cada vez que estávamos juntos. Sentíamos. Sentíamos...


P.s.: Eu ainda te vou levar à América... Como te prometi.


  
 

segunda-feira, 1 de outubro de 2012









Lembras-te quando estávamos deitados à beira mar e tudo parecia ser nosso como eu ser teu e tu seres minha? Eu amei-te nesse dia. Eu amo essa memória. Eu amá-la-ei até ao fim dos dias.

Não importa quantas vagas de ondas venham: as pedras mais pesadas não cederão. Não importa quanto vento possa estar: as pedras mais pesadas permanecerão intactas. Não importa que a maré as venha a cobrir na preia-mar: as pedras continuarão lá... Tal como a sensação do meu corpo aconchegado no teu, as nossas mãos entrelaçadas, os sorrisos roubados, o tempo perdido que na verdade foi um ganho para ambos. Foi tudo um certo errado turbilhão de emoções e sensações que não soubemos identificar, mas que ambos sabemos ser algo inolvidável. Ambos sabemos que vislumbramos a felicidade no horizonte. Ambos vimos o mundo com outros olhos: os olhos de quem não está só no mundo. Quatro olhos, um só olhar.
Se, um dia, vires que o mar será mais forte do que a resistência das pedras, acredita: eu já as terei guardado no meu castelo de areia.



P.s.: Eu ainda te vou levar à América... Como prometi.

sábado, 21 de julho de 2012



Um até já a um amor:




Por muito que chore, por muito que me roa por dentro, orgulho-me em dizer que esta experiência contigo foi enriquecedora. Talvez por teres retribuído o carinho de uma maneira única e que parecia ser tão tua, tão autêntica.
O sentimento pode não ter existido (da tua parte), mas as palavras jamais se gastarão. Não haverá um adeus, haverá um até já. Porque acredito que, não no imediato, consigamos estabelecer uma relação suportada por boas memórias, tendo apenas como ferida o prazo fora de validade. Choro ao escrever isto, aperta-me o coração, mas não te apagarei da minha vida. Porque quem um dia nos fez sorrir de verdade, merece ser lembrado. O coração chora, mas o teu nome está tatuado na sua parede e resistirá à passagem do tempo. Ainda que um dia mal se possa distinguir, haverá sempre uma marca única.
Espero, muito sinceramente, um dia destes voltar a ver a razão que me deixou feliz. E aí, falar sem ter em conta o que se teve. Somente eu e tu, não eu contigo nem tu comigo. Aparentemente parece ser complicado para mim, para ti, mas acredita que com vontade e cabeça no lugar, tudo se consegue.
Não me despeço de ti, porque a nossa despedida está marcada para a hora de ir para outro mundo. Enquanto vivermos, estaremos atados por laços invisíveis, e sei que teremos reencontros e aí despedimo-nos, mas sempre com a ideia de que não será a última despedida.
Espero notícias tuas e não te guardo qualquer tipo de "mau sentimento", apenas uma tristeza natura que se espera ser passageira.



sexta-feira, 22 de junho de 2012















Hoje já não te conheço. Somos estranhos com memórias felizes. São só elas que fazem com que tenhamos algo em comum: um passado feliz.
Quem disse "E viveram felizes para sempre" mentiu. Ninguém é verdadeiramente feliz, ninguém pode afirmar "Eu sou feliz", mas também ninguém pode dizer "Eu não sou feliz". Ninguém é feliz, mas todos procuramos saber o que é a felicidade. Podemos ter rasgos dela como um dia nublado em que o sol, inesperadamente, penetra por entre as nuvens: por alguém que está ao nosso lado e nos faz sorrir, uma surpresa, um dia bom, um gesto, uma palavra. Mas, tal como o sol que desaparece por força das nuvens, também o que foi bom hoje, amanhã, na próxima semana, no próximo mês, tudo o que de bom foi vivido hoje, não perdura para a eternidade e transforma-se numa lembrança.
Hoje já não te conheço. Só me lembro de ti. "Onde estás? Como te sentes? Que tal o teu dia?", perguntas idiotas que hoje, dia em que não te conheço, só podem ser respondidas pela minha memória. É triste lembrar que te conheci. É triste imaginar que, hoje, as respostas, talvez, já não serão as mesmas.
Que ironia o processo de conhecer na perfeição uma pessoa, cada detalhe, cada momento, cada próximo passo que essa pessoa iria tomar e, hoje, essa pessoa ser uma desconhecida, nem sequer sabendo o paradeiro dela. Consideras-te feliz? Pensa no agora e amanhã já nada será igual.

 

domingo, 3 de junho de 2012







Há dias que o mundo nem sempre roda em função da nossa força de vontade. Simplesmente pára. Ou então roda numa velocidade tal que nem permite captar momentos que só poderão persistir na memória de cada um. Momentos surreais e tocantes, curtos e inesquecíveis.
Parou. Opta-se por rebobinar e procurar uma chama que dê para restabelecer a energia que possibilite voltar a rodar e a vida seguir, ou então parar como um lago que se congela no pico do Inverno e não há maneira de ver a superfície? Talvez o melhor até possa ser caminhar por cima dessa água gelada e a cada estilhaçar ver divisões de um coração que vive de momentos, que se alimenta de sensações e bate por cada memória feliz. Aí sim, talvez se encontre verdadeiramente a alma. Ela pode não fazer rodar o mundo, mas consegue levar-nos a outro mundo.


terça-feira, 10 de abril de 2012

Há uma voz de sempre
Que chama por mim
Para que eu lembre
Que a noite tem fim

Ainda procuro,
Por quem não esqueci
Em nome de um sonho,
Em nome de ti.




 Há um mês disseste-me para olhar para cima e reparar que o teu nome ainda lá estava, depois deste tempo todo. E que continuaria a estar. Hoje olhei para lá. O teu nome já lá não está.
Jogos de promessas tramados.

sexta-feira, 16 de março de 2012

 

Não acredito em ironias do destino. O mundo molda-nos, nós moldamos o mundo, o nosso mundo e o mundo dos outros. Somos peças do puzzle de vidas. Somos múltiplos sem deixar de uno. Uma peça perde-se, não damos pelo seu desaparecimento... Até ao momento em que detectamos que, no meio de milhentas delas, falta uma para o encaixe perfeito. Continua-se o puzzle, ingenuamente, como se, por magia, a peça surgisse, do nada, ou da nossa imaginação, ou dum lugar que pensamos que possa estar. Mas não. Chega-se ao momento em que não nos sentimos realizados porque perdemos de vista uma única, singela, preciosa peça. E agora?


 

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012


How about a round of applause?
A standing ovation? (...)
But you put in a quiet show
Really had me going...



Ouçam bem.
Alguma vez repararam na letra desta música? Que me dizem?





domingo, 12 de fevereiro de 2012



We’re so hopefully at the beginning of things that it seems like theres only a world to be gained not lost. They say the inability to accept loss is a form of insanity.
It’s probably true but sometimes it’s the only way to stay alive.
(Meredith Grey)






Sento-me nesta estação a observar a passagem do tempo.
Que tempo cruel este que passa a uma velocidade que não permite entrar nele. Muitas vezes, nem se dá pela passagem dele. Mas eu dou. Até me sento à espera da altura que sei que vai passar. Mas também sei que não vai parar para me deixar entrar. Ouço-o a chegar e logo torno cabizbaixo. Mas porquê? Porquê que é que tenho medo de o ver? Medo de me atrever sequer a imaginar? Será que me veêm dentro da passagem do tempo? Será que imaginam a razão do cabizbaixo? Será que a passagem levou um pouco do meu perfume? Será que o perfume pode ser algo que mude a perspetiva de quem vagueia nessa passagem? 
Sento-me nesta estação à espera da paragem do tempo.
Espero porque sei, mas desespero por não saber o que virá depois. Chegou. Entrei, mas ainda espreitei à espera de inesperado. Cruzam-se olhares, mas nenhum me reconhece. Cruzam-se vozes, mas nenhuma chama por mim. Cruzam-se passos, mas nenhum pára diante de mim. Cabizbaixo. Fecham-se as portas. Sigo viagem rumo a um destino que a passagem do tempo tão bem conhece: casa. Abrem-se as portas. Conheço o ar que respiro, mas desço com a alma presa ainda à estação que me acolheu. Sei por onde vou, mas ainda olho para trás como se algo pudesse surgir e fazer inverter o rumo dos meus passos.
A vida não passa de partidas e chegadas. A questão é saber partir sem deixar rasto e não dar uma volta de 360graus.




sábado, 4 de fevereiro de 2012

    
 
It's you, it's you, it's all for you
Everything I do, I tell you all the time
Heaven is a place on earth with you
Tell me all the things you want to do
I heard that you like the bad girls
Honey, is that true?
It's better than I ever even knew
They say that the world was built for two
Only worth living if somebody is loving you
Baby, now you do.
  
   
Sou uma pessoa que gosta de demonstrações de carinho, infelizmente.
  
 
 

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

 
A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida.
Vinicius de Moraes




Quem me conhece, sabe que este desporto muda-me sempre o humor. Só eu sei o que vibro com cada jogada, com cada jogo ganho, cada jogo perdido. Com cada bola que resvala na rede e que pode cair para o lado do adversário, ganhando-se o ponto, ou pode inverter o movimento e tocar no nosso campo, perdendo. (Aconselho a ver o filme Match Point, se querem saber o que é, na realidade, a sorte no quotidiano).
Há pessoas que ficam felizes a ver o seu filme preferido, a ver jogos de futebol, a fazer o seu passatempo predileto...
Eu sou feliz com jogadas de força, garra, determinação, ambição, paciência, táctica e sorte. Sou eu.



quinta-feira, 26 de janeiro de 2012



Know you've been hurt by someone else.
I can tell by the way you carry yourself.
If you let me, here's what I'll do:
I'll take care of you.
I've loved and I've lost.

Drake Ft Rihanna- Take care










Já ouvi dizer que as palavras são a nossa inesgotável fonte de magia. Encantam, fascinam, deslumbram, deliciam... Mas também derrotam, desencorajam, destroem. Engraçado. "De-". Porque não ocultar estas últimas e substitui-las por desenvolver, devolver ou demonstrar?
Tal como a magia, as palavras também têm o seu lado negro. Quem não as souber usar, cai nesse poço em que eu não ouso sequer olhar. Um poço que não se avista o fundo, mas que termina, lá onde se ouve um ecoar de uma voz perdida numa imensidão e cuja velocidade é lenta para chegar a uns ouvidos atentos. Esperemos. Não, reparemos. Será a velocidade que é lenta ou será a queda maior do que a que se suspeita? Não me atrevo a imaginar. Tenho outra hipótese: poderá a velocidade ser afetada pela falta de garra e valentia nas palavras proferidas por alguém num poço? É fácil ir ao fundo, difícil é chegar intacto à superfície, tal como num dia de tempestade é possível fazer comunicações, mas estas apresentam interferências.
Na superfície o coração é quem fala. Não é o cérebro. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Quem fala com o coração, sabe o que quer e pode não saber para onde as suas palavras o levarão, mas sabe por onde o levarão. Quem fala com o coração, confia. Magicamente, tem uma poção secreta que revela os ingredientes necessários para saber confiar: amor, paciência, sensatez, cumplicidade, verdade, lealdade, otimismo. Quais as doses necessárias? Depende de cada um. Mas se os ouvidos atentos ouvirem a voz de quem está no fundo do poço, é a altura certa de tomar essa poção e verter uma gota para o escuro. Certamente, o som dessa gota será o despertar de uma aurora que fará o longe tornar-se perto.
Agora diz-me: a nossa inesgotável fonte de magia pode ser o amor?

 

domingo, 22 de janeiro de 2012



Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

in Tabacaria, Álvaro de Campos.











Há noites que pedem um luar que reflita num lago todas as sensações despoletadas por uma pedra arremessada sabe-se lá de onde, sabe-se lá por quem, sabe-se lá porquê, só se sabe que desencadeou círculos hidrológicos que impossibilitam o seguimento natural da corrente e não deixam expandir os reflexos pretendidos.
Os círculos aumentam a sua área. Eis então que se inspira e pergunta-se à lua quantas fases esses círculos terão que passar para atingir o seu esplendor, a sua magnificiência, a sua plenitude, atingir aquele círculo perfeito que pode parecer limitador da acção, mas na verdade tem as medidas certas para dar a estabilidade necessária. Invejo, lua, quem sabe com exatidão o que se passa no interior das pessoas. Quem salta os muros de água criados pela pedra e é capaz de impedir que essa mesma pedra atinja o epicentro previsto e não leve a uma convergência de círculos. Tenho medo, lua. Medo que desapareças do meu horizonte e as sensações fiquem aprisionadas em mim. Não sabes como é perigoso deambular pela noite sem ti, sem saber o que hei de encontrar ao virar de uma esquina, ao olhar para trás e não ver a minha sombra que é tua. Não sabes, lua.
Não me quero encontrar com quem. Só contigo. Sei que não me vais falar, mas mostra-me o que sentes. Irradia-me a tua luz e faz com que a tua gravidade altere a trajetória de qualquer pedra que ouse entrar no teu domínio. No nosso domínio. Tomara muitos sóis serem o centro que tu és da minha galáxia. Melhor: do meu universo.


 

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012




Pick a star on the dark horizon and follow the light.






Relembro, nesta apaziguada noite de vendaval ártico, um leve toque.
Tic-tac, tic-tac, badaladas.
Ouço passos, vozes indefinidas.
Perco-me nesse timbre, desoriento-me com melindrosa melodia.
Silêncio.
Que orquestra magistral.
Escuro, silêncio.
Sensação de calor nula.

E agora? Quem sou?
Sei que sou tudo aquilo que fui e tudo o que não fui.

Vivo na minha memória,
na esperança de, um dia,
numa determinada altura, única e interminável,
voltar a relembrar, num certa apaziguada noite de vendaval ártico, um leve toque.
E escutar um tic-tac, badaladas, passos e vozes.

Aí saberei que não verei nada próximo,
Mas sentirei uma luz perdida que paira no oceano do que não fui.