sexta-feira, 22 de junho de 2012















Hoje já não te conheço. Somos estranhos com memórias felizes. São só elas que fazem com que tenhamos algo em comum: um passado feliz.
Quem disse "E viveram felizes para sempre" mentiu. Ninguém é verdadeiramente feliz, ninguém pode afirmar "Eu sou feliz", mas também ninguém pode dizer "Eu não sou feliz". Ninguém é feliz, mas todos procuramos saber o que é a felicidade. Podemos ter rasgos dela como um dia nublado em que o sol, inesperadamente, penetra por entre as nuvens: por alguém que está ao nosso lado e nos faz sorrir, uma surpresa, um dia bom, um gesto, uma palavra. Mas, tal como o sol que desaparece por força das nuvens, também o que foi bom hoje, amanhã, na próxima semana, no próximo mês, tudo o que de bom foi vivido hoje, não perdura para a eternidade e transforma-se numa lembrança.
Hoje já não te conheço. Só me lembro de ti. "Onde estás? Como te sentes? Que tal o teu dia?", perguntas idiotas que hoje, dia em que não te conheço, só podem ser respondidas pela minha memória. É triste lembrar que te conheci. É triste imaginar que, hoje, as respostas, talvez, já não serão as mesmas.
Que ironia o processo de conhecer na perfeição uma pessoa, cada detalhe, cada momento, cada próximo passo que essa pessoa iria tomar e, hoje, essa pessoa ser uma desconhecida, nem sequer sabendo o paradeiro dela. Consideras-te feliz? Pensa no agora e amanhã já nada será igual.

 

domingo, 3 de junho de 2012







Há dias que o mundo nem sempre roda em função da nossa força de vontade. Simplesmente pára. Ou então roda numa velocidade tal que nem permite captar momentos que só poderão persistir na memória de cada um. Momentos surreais e tocantes, curtos e inesquecíveis.
Parou. Opta-se por rebobinar e procurar uma chama que dê para restabelecer a energia que possibilite voltar a rodar e a vida seguir, ou então parar como um lago que se congela no pico do Inverno e não há maneira de ver a superfície? Talvez o melhor até possa ser caminhar por cima dessa água gelada e a cada estilhaçar ver divisões de um coração que vive de momentos, que se alimenta de sensações e bate por cada memória feliz. Aí sim, talvez se encontre verdadeiramente a alma. Ela pode não fazer rodar o mundo, mas consegue levar-nos a outro mundo.