domingo, 22 de janeiro de 2012



Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

in Tabacaria, Álvaro de Campos.











Há noites que pedem um luar que reflita num lago todas as sensações despoletadas por uma pedra arremessada sabe-se lá de onde, sabe-se lá por quem, sabe-se lá porquê, só se sabe que desencadeou círculos hidrológicos que impossibilitam o seguimento natural da corrente e não deixam expandir os reflexos pretendidos.
Os círculos aumentam a sua área. Eis então que se inspira e pergunta-se à lua quantas fases esses círculos terão que passar para atingir o seu esplendor, a sua magnificiência, a sua plenitude, atingir aquele círculo perfeito que pode parecer limitador da acção, mas na verdade tem as medidas certas para dar a estabilidade necessária. Invejo, lua, quem sabe com exatidão o que se passa no interior das pessoas. Quem salta os muros de água criados pela pedra e é capaz de impedir que essa mesma pedra atinja o epicentro previsto e não leve a uma convergência de círculos. Tenho medo, lua. Medo que desapareças do meu horizonte e as sensações fiquem aprisionadas em mim. Não sabes como é perigoso deambular pela noite sem ti, sem saber o que hei de encontrar ao virar de uma esquina, ao olhar para trás e não ver a minha sombra que é tua. Não sabes, lua.
Não me quero encontrar com quem. Só contigo. Sei que não me vais falar, mas mostra-me o que sentes. Irradia-me a tua luz e faz com que a tua gravidade altere a trajetória de qualquer pedra que ouse entrar no teu domínio. No nosso domínio. Tomara muitos sóis serem o centro que tu és da minha galáxia. Melhor: do meu universo.


 

8 comentários:

  1. Gostei imenso destas tuas palavras: todos precisamos de uma Lua que nos guie e nos dê a capacidade de ver no escuro que é o interior de alguém! Decerto a vais encontrar e ela guiar-te-á da melhor forma que conseguir!
    Além do mais, a música que aqui tens e as frases que escolhes para o início dos textos combinam perfeitamente com as mensagens que transmites.
    Adoro ler-te :)

    Obrigada também pelo teu comentário :)

    ResponderEliminar
  2. Antes de mais obrigada por teres comentado o meu blog! Fiquei muito contente apesar de ser um comentário simples. A verdade é que ainda perdi algum tempo a pensar no que disseste ''A arvore pode sofrer com as estações, mas continua intacta a abrigar quem nela desejar encontrar um refúgio'' e concordo, ela nunca vai conseguir evitar que alguem se abrigue nela, são coisas que não se conseguem evitar, talvez como os sentimentos, não se controlam mesmo que até lá no fundo se esteja magoado (:

    ResponderEliminar
  3. Ha, e este texto está qualquer coisa de fenomenal, adorei mesmo!! Porque a nós não nos interessa se todos têm o maior sol, ou a maior constelação, para nós simplesmente basta a simples lua e isso já nos faz bastante felizes (:

    ResponderEliminar
  4. Estou a seguir o teu blog. Gostei imenso do que li aqui. Continua!

    ResponderEliminar
  5. adorei o blog, está muito bom :)
    estou a seguir*

    ResponderEliminar
  6. Adorei o blog, está mesmo muito bom o texto (;
    Sigo*

    ResponderEliminar
  7. Boa escolha a de 'Álvaro de Campos'.

    Visita-nos,
    http://consuminimo.blogspot.com/

    ResponderEliminar